quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Crónica do 3.º dia do Caminho Português, entre São Pedro de Rates e Rubiães

Igreja Românica de São Pedro de Rates

Primeiro dia de Agosto e terceiro do nosso Caminho, fomos dos últimos peregrinos a acordar e a sair do albergue de Rates.

O plano traçado para a jornada impunha que fossemos dormir a Rubiães, o que equivale a dizer que forçosamente teríamos que passar a mítica e difícil Serra da Labruja. 

Os primeiros raios de sol começaram timidamente a querer surgir de um céu acinzentado. Após a preparação das bicicletas, dirigimo-nos ao único café aberto nas cercanias, muito próximo da velha e magnífica igreja românica.

Pequeno almoço em Rates
Pelas 08:30, após o o pequeno almoço, recreámo-nos a tirar fotografias à igreja românica de São Pedro de Rates, uma das jóias da arquitectura religiosa medieval portuguesa.

Os primeiros quilómetros foram de reencontro com os peregrinos que na véspera conhecêramos no albergue de Rates e muitos outros que pelo Caminho fomos encontrando.

Uma pequena história ressalta ainda do dia anterior, trata-se da jovem hospedeira que simpaticamente nos acolheu no albergue. Assim, contou-nos que ao fim de algum tempo a acolher e assistir peregrinos, ela mesmo iria iniciar o seu Caminho, a partir de Rates. A ansiedade quase não a deixou dormir e foi das primeiras a partir. Após alguns anos de trabalho voluntário, finalmente resolveu fazer o seu próprio Caminho, partilhar as suas vivências.

O lendário Galo de Barcelos
A aproximação de Barcelinhos e logo a seguir Barcelos, originou nova paragem. O Joaquim Tavares e o José Botelho demoraram um pouco com a fotografia. Depois de passar a ponte a pose ao lado do famoso Galo de Barcelos e a oportunidade para comer uma saborosa bola de Berlim e beber um café com leite.

O Minho em Agosto fervilha de gente, as ruas de Barcelos estavam plenas de turistas, emigrantes e peregrinos.

Dos inúmeros motivos de interesse da cidade de Barcelos, destaco o templo do Bom Jesus da Cruz, que assinala o aparecimento miraculoso de uma cruz de terra negra no chão barrento da feira, em 20 de Dezembro de 1504, templo que abriu ao culto em 1710. Trata-se de uma edificação de cúpula e planta centrada, com o espaço interior disposto grega, da autoria do Arquitecto João Antunes.
Barcelos e ao fundo a igreja do Bom Jesus da Cruz

Um pouco absorto com o templo do Bom Jesus da Cruz, que não canso de admirar, novo desencontro aconteceu, desta vez fiquei para trás. Pensando estar na frente fui rolando devagar, sem pressa, esperando o reagrupamento.

Peregrinos a Santiago

Como a demora era muita obtive a informação de um peregrino que regressava de Santiago, a caminho de Fátima, que me informou da diferença de uns bons 15 a 20 minutos para os meus amigos.

Foi hora para dar corda aos sapatos e imprimir um ritmo mais forte, o tipo de percurso também ajudava. Finalmente o reencontro, no rio Neiva, junto à Ponte das Tábuas, momento aproveitado para uns mergulhos na água límpida e cristalina do rio.

Aqui não poupámos tempo, bem pelo contrário, apetecia ficar para o resto do dia, não fosse o objectivo programado. Sem dúvida um bom momento.

Regabofe na Ponte das Tábuas

Serpenteando por terrenos de cultivo do milho ao passar o cruzamento da N201 com a N308, resolvi fazer um pequeno desvio, parei num café para comprar uma bebida e reabastecer de água, tentei comprar fruta, mas sem sucesso uma vez que o minimercado estava encerrado, salvou-me a jovem do café, dispensando-me algumas laranjas e um BTTista de Silves a fazer o Caminho em companhia de um grupo de espanhóis, oriundos de Murcia, que me ofereceu um plátano. 

Piquenique no pinhal
Com a dupla Joaquim/Aguiar uns 10 a 15 minutos à frente, entrei numa zona de bosque. A subida de algum relevo, era amenizada pela sombra. Mais à frente reagrupámos novamente para uma pequena refeição, em jeito de piquenique.
Chegada a Ponte de Lima

A aproximação a Ponte de Lima era desejada, aqui efectuámos uma paragem para refeição na Tasca das Fodinhas, onde o Cardápio da Márcia era bem sugestivo, como podeis ver na foto.
Ponte de Lima e o Cardápio da Márcia

Não podíamos relaxar muito, como diz o velho ditado, o rabo é o pior de esfolar, e ainda tinha-mos que esfolar a subida da Serra da Labruja!

O esforço da subida


Subida da Labruja

Descer a Labruja também não é fácil, há sobretudo que ser cuidadoso, para não hipotecar o resto do Caminho.

Chegámos a Rubiães às 20:30, debaixo de um céu cinzento e ligeiros chuviscos, tendo pedalado nesta jornada 77,70 km.

Com o albergue lotado, restou-nos dormir na sala de refeições. Do pouco tempo que dispúnhamos ainda ouve lugar para entabular alguma conversa com o Vítor Matos de Coimbra e com a Olívia de Viana do Castelo e com alguns peregrinos espanhóis.

No entanto o duro final de jornada não podia terminar sem um merecido jantarinho no restaurante mais próximo do albergue, na companhia simpático pessoal de cozinha, do dono e do empregado de mesa.

Fotos do 3.º dia

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